17.11.08

Existe risco doutor?

Antigamente, classificava-se o risco de alguma coisa não sair bem em uma cirurgia comoRISCO 1-2-3...etc., de acordo com a magnitude da cirurgia. Assim, uma extração de unha, por exemplo, poderia ser classificada como de risco 1. Já uma cirurgia sobre o coração ou pulmão, seria de risco máximo, ou seja, risco 4.

Porém, observou-se que uma cirurgia pequena feita em uma pessoa com más condições físicas, poderia ter conseqüências graves ( um enfarte de miocárdio por exemplo em paciente que se submeteu a uma drenagem de abcesso ). A partir de então, o estado de saúde do paciente passou a fazer parte da avaliação.

Mesmo uma pequena cirurgia feita em um paciente em excelentes condições físicas, porém num ambiente hospitalar contaminado, com material inadequado, cirurgião inexperiente,anestesiologista descuidado, pessoal de enfermagem sem treinamento, ausência de serviço de suporte ( UTI, laboratórios, banco de sangue, etc.) tem grande chance de ter morbilidadee/ou mortalidade bastante aumentada.

Atualmente todos esses fatores participam da avaliação do assim chamado RISCO CIRÚRGICO.

Se vocês observaram NÃO SE FALA EM RISCO ZERO.

Existem fatores imponderáveis como reações alérgicas a medicamentos, reações idiossincrásicas ( ex: um medicamento é utilizado para controlar a pressão arterial, mas para aquele paciente produz convulsões - não se trata de reações colaterais do remédio pois no estudo do mesmo nunca houve esse tipo de reação ), hipersensibilidade de alguns órgãos a determinadas situações, que podem também interagir e influir no RISCO CIRÚRGICO.

Quando me perguntam " existe risco doutor " e as condições daquele paciente são ótimas e a cirurgia é simples, eu respondo " é o mesmo risco que sofro de não chegar ileso em minha casa hoje ", isto é, o risco é muito pequeno, mas eu não estou no controle de todos os fatores que poderiam por exemplo, serem responsáveis por uma possível intercorrência com meu carro.

Outras vezes, comparo um ato anestésico-cirúrgico, a uma viagem que faremos com nosso carro. Se o motorista é cuidadoso e hábil, o carro está nas melhores condições possíveis, isto é, revisado, abastecido, pneus bons, a estrada é asfaltada e sem buracos, poucas razões existem para que essa viagem não seja boa. Mas...não estou livre de um motorista cansado durma ao volante e atravesse a pista podendo me abalroar......!!!!

Fonte: DR. JOSÉ MAURICIO PEREIRA ASSEF - TSA/CSA - MÉDICO ANESTESIOLOGISTA DA SANTA CASA DE MARÍLIA - GRADUDO PELA FACULDADE DE MEDICINA USP - SÃO PAULO

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